"As drogas, mesmo o crack, são produtos químicos sem alma: não falam, não pensam e não simbolizam. Isto é coisa de humanos. Drogas, isto não me interessa. Meu interesse é pelos humanos e suas vicissitudes." 
 Antonio Nery Filho

Para a coodenadora do CAPS Liberdade, Andrea Rios, a atuação dos usuários é mais pela conquista deles que pelo reconhecimento social. "O preconceito diminuiu pouco, mas ainda assim os usuários têm demonstrado cada vez mais força, mobilização e organização para superar as barreiras da sociedade e alcançar seus direitos enquanto cidadãos", considerou Andrea.
Uma das consequências desta politização dos usuários, segundo Andrea, foi a predominância deles nas decisões e organização da Parada. O diretor da AMEA, Josueliton Santos, aponta para "a reforma psiquiátrica como um dos aspectos que possibilitou a luta pela garantia da liberdade e de cidadania dos usuários". A AMEA é uma das organizações co-responsáveis pela realização da Parada do Orgulho Louco e, recentemente, lançou o Guia Loucura Cidadã.
Investimentos Públicos na Rede
Quanto à situação atual da implantação dos serviços substitutivos na Bahia, o psicólogo Marcus Vinícius vê a falta de investimento das gestões públicas como raiz de todas as deficiências hoje enfrentadas pela Reforma Psiquiátrica. Exceto do Governo Federal, pouco se vê a participação do estado e dos municípios na melhoria da infra-estrutura dos serviços e  em investimentos em segurança, equipamentos para oficinas e ampliação dos quadros de profissionais". 
O secretário de saúde do estado, Jorge Solla, se fez presente na Parada e avaliou os esforços do governo para ampliação da rede no estado. "Nos últimos quatro anos, em parceria com os municípios, triplicamos o número de CAPS e como consequência, temos leitos psiquiátricos sobrando nas cidades de interior e isto reflete o alcance da Reforma Psiquiátrica na Bahia", declarou Solla.
Paula Boaventura