Estudo da permeabilidade intestinal em pacientes com tuberculose pulmonar ativa
por PINHEIRO, Valéria Góes Ferreira em
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Níveis subterapêuticos de drogas antimicobacterianas têm sido observados no curso do tratamento de pacientes com tuberculose e nos co-infectados TB/HIV e podem facilitar o surgimento de cepas de M. tuberculosis resistentes às drogas. A mal-absorção intestinal inclue-se entre as provÃveis causas e tem sido descrita em tuberculosos desnutridos, alcoólatras, diabÃticos, aidéticos ou com patologias gastrointestinais associadas. Estudos da permeabilidade intestinal permitem a avaliação da funÃÃo intestinal em vÃrias doenÃas, mas tÃm sido escassos na tuberculose. O teste da lactulose / manitol tem sido utilizado como critÃrio de lesÃo com dÃficit absortivo da mucosa intestinal e pode ser de utilidade no prognÃstico da absorÃÃo intestinal de drogas em pacientes com tuberculose. Foram estudados 41 pacientes (30H e 11M). A coleta dos dados foi realizada no Hospital de
MaracanaÃ? , Fortaleza-CE, em 2001. Procedeu-se descriÃÃo clÃnica, social e laboratorial do grupo de pacientes e estudo piloto de observaÃÃo utilizando o teste da lactulose / manitol em 40 pacientes com tuberculose pulmonar ativa, comparando com grupo controle de 28 voluntÃrios sadios objetivando estudar a permeabilidade intestinal. Testes de sensibilidade Ãs drogas antituberculose, pelo mÃtodo das proporÃÃes indireto, foram realizados em 20 pacientes com cultura de escarro positivas. O grau de nutriÃÃo avaliado atravÃs do Ãndice de Massa
CorpÃrea? (IMC) e o nÃvel sÃrico das drogas foram correlacionados com os valores da permeabilidade intestinal.
CinqÃenta? e nove por cento (24 pacientes) foram considerados desnutridos pelo IMC<18,5 kg/m2, sendo vinte e dois por cento (9 pacientes) considerados severamente desnutridos (IMC<16 kg/m2). Em 18 pacientes, apÃs 2 h da tomada de 600mg de rifampicina (R) e 400 mg de isoniazida (H) os nÃveis sÃricos de R (CRM 2h) e H (CINH 2h) foram analisados por HPLC. A taxa de excreÃÃo urinÃria de manitol (mÃdia  desvio padrÃo) foi significativamente menor p<0,001 (9,52  5,70) nos pacientes que dos controles (20,14  10,84). A taxa de excreÃÃo de lactulose foi significativamente maior p<0,05 nos pacientes (0,59  1,79) que nos controles (0,52  0,47) e a razÃo L/M foi aumentada de forma consistente, embora nÃo significativa p>0,05 (0,05  0,10 pacientes contra 0,02  0,02 controles). Considerando a faixa terapÃutica da R (8-24 mcg/mL ) e da H (3-6 mcg/mL) observamos que as CRM2h e CINH2h em 16/18 (88,8%) pacientes nÃo atingiram nÃveis sÃricos adequados para as duas drogas. 8/18 (44,4%) pacientes nÃo alcanÃaram nÃveis sÃricos para ambas as drogas simultaneamente. Na anÃlise das drogas isoladas verificamos que em 12/18 (66,7%) pacientes a CRM2h o nÃvel sÃrico mÃnimo nÃo foi alcanÃado (mÃdia R =6,47 mcg/mL) e 13/18 (72,2%) a CINH2h tambÃm foi reduzida (mÃdia H =2,17 mcg/mL). Quanto ao perfil de resistÃncia do M. tuberculosis em cultura de escarro, observamos 4/20 (20%) multirresistentes (3 à R+H e 1 à todas as drogas) e 2/20 (10%) monorresistentes à H sendo 14/20 (70%) amostras consideradas sensÃveis Ãs drogas testadas. Os resultados observados sugerem uma intensa reduÃÃo na Ãrea de absorÃÃo e lesÃo da mucosa intestinal nos indivÃduos estudados. Os dados sÃo consistentes com a reduÃÃo na biodisponibilidade de rifampicina e isoniazida e com o estado nutricional destes pacientes. Os dados preliminares recomendam estudos adicionais na avaliação completa da biodisponibilidade das drogas antimicobacterianas em pacientes com tuberculose